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quarta-feira, 14 de março de 2012

REFLEXÕES COTIDIANAS: OS SOFISTAS


OS SOFISTAS DO NOSSO TEMPO

            Vivemos em uma época onde há uma predominância do sistema democrático em quase todo o mundo. Países como Alemanha, Estados Unidos, Portugal, França, Itália, como também na América Latina o Chile, a Costa Rica, o Uruguai, o Panamá, o México, a Argentina, o El Salvador, o Brasil, dentre outros, buscam viver energicamente esse sistema que tem como uma das principais funções a proteção dos “direitos humanos fundamentais, como a liberdade de expressão e de religião; o direito a proteção legal igualitária; e a oportunidade de organização e participação plena na vida política, econômica e cultural da sociedade”, como nos afirma o site da Embaixada Americana[1], responsável também pela transmissão de informações sobre diversos assuntos formativos de interesse público.
            Limitar-nos-emos ao Brasil. Será que vivemos uma democracia em nosso país? Nossos políticos promovem-na a ponto de seus princípios, além de serem defendidos, serem também experienciados por todo o povo brasileiro? Uma oportunidade de reflexão desta problemática nos fez o ex presidente da república e do senado, José Sarney de Araujo Costa, do PMDB do Amapá, no dia 15 de setembro de 2009, em seu pomposo discurso, antecipando o dia da democracia que é comemorado todo dia 25 de outubro. Em seu belíssimo pronunciamento afirmou:

"A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje, um contra o outro, que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas. Isso não se discute aqui, não estou dizendo isso aqui, estou repetindo aquilo que, no mundo inteiro, hoje, se discute"[2].

Nos questionamos: Será mesmo que a mídia é uma inimiga das instituições representativas ou será mais um discurso sofista em que temos que aturar?
            Antes de refletirmos tal questionamento, vamos entender o que é o sofismo, para assim, podermos discutir com maior clareza a realidade política do nosso país, compreendendo quais são as máscaras que nossos representantes usam para receber aplausos e votos nas eleições proporcionais e majoritárias.
            O termo “sofista” vem do grego “sophos” que significa “sábio” ou “professor de sabedoria”, mas no sentido pejorativo significa “homem que emprega sofismas”, alguém que usa o raciocínio para enganar utilizando sua intelectualidade de má-fé. Os sofistas ensinavam sobre retórica, política, gramática, etimologia, história, física e matemática e cobravam por seus ensinamentos. Não se preocupavam com a veracidade de suas palavras, mas com a eloquência e pomposidade a ponto de receber aplausos e ganhar as discussões que travavam em praças públicas, ganhando assim grandiosos elogios e respeito público. Os grandes sofistas do séc. V a.C. e os contemporâneos de Sócrates, Platão e Aristóteles foram: Protágoras, Górgias, Pródico e Hípias.
            Agora podemos analisar um pouco o texto do site da Embaixada dos Estados Unidos, onde afirma que uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como a liberdade de expressão e de pensamento. O que é a liberdade de expressão? Segundo o mesmo site:

“[...] é o suporte vital de qualquer democracia. Os governos democráticos não controlam o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais. Assim, geralmente as democracias têm muitas vozes exprimindo idéias e opiniões diferentes e até contrárias. Segundo os teóricos da democracia, um debate livre e aberto resulta geralmente que seja considerada a melhor opção e tem mais probabilidades de evitar erros graves.”[3]

            Quando presenciamos certas críticas aos meios de comunicação, percebemos que muitos dos que lideram nosso país, tanto politicamente quanto economicamente, querem construir uma democracia fundamentada no silêncio e na ignorância. Estamos, assim, em uma ditadura mascarada.
            É valorizando os grandes avanços tecnológicos e garantindo o uso dos diversos instrumentos de expressão social que poderemos, não só no dia da democracia, mas em todos os dias do ano, transmitir a beleza e a justiça de um sistema que produz unidade e igualdade para o coração daqueles que sonham com um mundo mais humanizado e equilibrado. José Sarney, em seu discurso retromencionado, mostra o poder de sua sofística. Sua perfeita escrita e sonoridade de voz nos confirmam que os aplausos e a aceitação pública, após seu eloquente pronunciamento, é fruto de anos de preparação em busca de um saber puramente retórico, composto da arte do enganar, de sofismar. Que apareçam, ao longo dos tempos, outros Sócrates, Aristóteles, Kant, e todos aqueles que lutaram pelo esclarecimento e pelo entendimento coerente das coisas inteligíveis e que combatam não só com o dom da palavra, mas também com a ação correta e justa esses sofistas do nosso tempo.


[2] COSTA, José Sarney de Araújo. Discurso sobre o dia da democracia. Estadão.com.br. São Paulo, 15 de set. 2009. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,leia-discurso-de-jose-sarney-sobre-o-dia-da-democracia,435411,0.htm?p=6>. Acesso em: 6 abril 2010.



Renato Padilha Ferreira Barros
É advogado e bacharel em Direito pela Faculdade Salesiana do Nordeste. É pós-graduado em Docência em Filosofia e Sociologia pelo INSAF - Instituto Salesiano de Filosofia. É graduado em Comunicação Social com Habilitação em Relações Públicas pela ESURP - Escola Superior de Relações Públicas.

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