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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!

FELIZ ANO NOVO. QUE A PAZ, A FELICIDADE, A SOLIDARIEDADE, A ALEGRIA E, PRINCIPALMENTE, A CAPACIDADE CRÍTICA CONSTRUTIVISTA POSSAM SER CONQUISTADAS TODOS OS DIAS DO ANO DE 2012.
BOAS FESTAS!





Retrospectiva 2011 da GOOGLE - com legendas






    ATT.


    DIREÇÃO DO JORNAL REVOLUÇÕES TOBIÁTICAS.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O SENTIDO DA EDUCAÇÃO E AS TEORIAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS

INTRODUÇÃO

A educação sempre foi um dos grandes meios para a organização e desenvolvimento de uma sociedade. Na Grécia antiga os filósofos eram responsáveis pelo papel formativo e a paideia[1] era um grande instrumento mediador da integralidade pedagógica humana. Werner Jaeger, no livro “Paideia”, enfatiza a importância educativa, quando afirma que “todo povo que atinge um certo grau de desenvolvimento sente-se naturalmente inclinado à prática da educação. Ela é o princípio por meio do qual a comunidade humana conserva e transmite a sua peculiaridade física e espiritual”[2]. Platão foi o primeiro a ter uma filosofia da educação. Jean Château, em seu livro “Os Grandes Pedagogistas” diz que:

Num sentido, não há sociedade em que se não exerça a função educativa; não há, absolutamente, coletividade humana que não transmita às gerações montantes suas instituições e suas crenças, suas concepções morais e religiosas, seu saber e suas técnicas[3].

            Poderíamos citar inúmeros pensadores e suas reflexões em torno da educação, mas, como o nosso objetivo é aprofundar nossos estudos nas correntes teóricas pedagógicas, nosso trabalho trata, primeiramente, das discussões em torno do sentido da formação educativa. Nós iremos abordar três tipos de linhas teóricas na pedagogia. Uma delas é a educação como redenção, preocupado com um ideal de sociedade, projetando-a e desenvolvendo-a preocupado em alcançar sua perfeição teórica. Outra teorização do sentido da educação é a reprodutiva. A educação tem a finalidade de reproduzir a própria sociedade mantendo seus condicionantes políticos, econômicos e sociais. Uma outra corrente é a transformadora, defendendo a possibilidade dos indivíduos, mesmo influenciados pelos condicionantes sociais, poderem transformar a própria sociedade.
            Na segunda parte do nosso trabalho iremos trabalhar as tendências pedagógicas em linhas teóricas. Dividiremos tais correntes em duas: a liberal e a progressista. Na liberal iremos trabalhar os conceitos das ideologias tradicionais, renovada progressivista, renovada não-diretiva e tecnicista. Já na tendência progressista, iremos analisar as correntes libertárias, libertadora e crítico-social dos conteúdos.


1 A EDUCAÇÃO: SEU SENTIDO SOCIAL E SUAS CORRENTES TEÓRICAS

1.1 O sentido da educação na sociedade

O termo “educação” trás em si uma complexidade conceitual que leva a grande maioria dos pensadores, ao longo do tempo, traçarem diversos horizontes reflexivos em torno de imagens formativas do homem e da sua vida em sociedade. As discursões em torno deste tema nos trás informações claras de que sua diversidade teórica não chegou, e possivelmente não chegará, ao seu fim.
Diante das inúmeras correntes doutrinárias, podemos perceber que o termo “educação” trás um sentido, um valor, uma finalidade e um esboço teórico que norteia a sociedade. Segundo Cipriano Carlos Luckesi:

Alguns responderão que a educação é responsável pela direção da sociedade, na medida em que ela é capaz de direcionar a vida social, salvando-a da situação em que se encontra; um segundo grupo entende que a educação reproduz a sociedade como ela está; há um terceiro grupo de pedagogos e teóricos da educação que compreendem a educação como uma instância mediadora de uma forma de entender a viver a sociedade. Para estes a educação nem salva nem reproduz a sociedade, mas pode e deve servir de meio para a efetivação de uma concepção de sociedade[4].

Nesta perspectiva, as correntes que buscam dar um sentido a educação, descrevem-na, conceitualmente, em três tipos: a educação como redenção; a educação como reprodução; e a educação como um meio de transformação da sociedade. Tais tendências teóricas abarcam uma dimensão filosófica-política na construção de uma educação ao longo da prática educacional, pois buscam direcionar-se para a ação.
Na concepção de uma educação como redenção de uma sociedade, podemos entender como “um conjunto de seres humanos que vivem e sobrevivem num todo orgânico e harmonioso, com desvios de grupos e indivíduos que ficam à margem desse todo”. (Cipriano Carlos Lukesi, 1994, p. 38). A sociedade seria um todo harmonioso e naturalmente composta com todos os seus elementos. O homem teria que se integrar neste corpo social. A educação estaria voltada, segundo Luckesi:

[...] formaçãoda personalidade dos indivíduos, para o desenvolvimento de suas habilidades e para a veiculação dos valores éticos necessários à convivência social. [...] A educação seria, assim, uma instância quase que exterior à sociedade, pois, de fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanentes. A educação, nesse sentido, tem por significado a finalidade a adaptação do indivíduo a sociedade. Deve reforçar os laços sociais, promover a coesão social e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social[5].

A educação não recebe interferências da sociedade, mas interfere consideravelmente mantendo, dessa forma, a conformação do corpo social. Como exemplo dessa forma de pensar a educação, poderíamos falar da concepção do “paraíso” de Adão e Eva no livro Gênese da Bíblia Sagrada. Deus, criador do céu e da terra, desenvolveu todos os seres com certa harmonia e equilíbrio. O homem trouxe o desequilíbrio a partir do pecado original. Com isso, Deus enviou vários profetas até chegar em Jesus Cristo, ápice do projeto salvívico, para trazer de volta a harmonia e o equilíbrio do mundo, como na sua construção primário. Mesmo assim, os homens se encontram distantes do sentimento inicial de Deus. Desejando também a ordem nas estruturas sociais, o homem encontra na educação uma forma de garantir, pela formação, a organização social.
A educação, como reprodução da sociedade, é vista como parte da sociedade. A sua finalidade é reproduzi-la. Ela é vista como uma “instância dentro da sociedade e exclusivamente a seu serviço”[6]. Segundo Luckesi, ela “não a redime de suas mazelas, mas a reproduz no seu modelo vigente, perpetuando-a, se for possível”[7].
Enquanto a educação, no modelo de redenção, participa de fora da sociedade, buscando efetivar um modelo ideal de perfeição e harmonia social, a educação, como reprodução, é entendida como um elemento da sociedade, determinada por questões econômicas, políticas e sociais, servindo-a e mantendo-a. Dessa forma a educação é chamada de reprodutivista[8] e criticista, enquanto a redentora é vista como “não-crítica”.

Uma terceira corrente doutrinária seria a que vê a educação como um elemento transformador da sociedade. A educação é entendida como uma mediadora de um projeto social. Segundo Luckesi:

Ela nem redime, nem reproduz a sociedade, mas serve de meio, ao lado de outros meios, para realizar um projeto de sociedade; projeto que pode ser conservador ou transformador. Nesse caso, essa tendência não coloca a educação a serviço da conservação. Pretende demonstrar que é possível compreender a educação dentro da sociedade, com os seus determinantes e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar pela sua democratização[9].

Podemos perceber que essa concepção teórica discute uma visão muito diferente das outras duas analisadas anteriormente. Enquanto os teóricos da primeira, a redentora, são otimistas em relação ao futuro da sociedade no que tange a educação como fonte transformadora do indivíduo, a segunda, a reprodutivista, é pessimista, pois veem a educação como elemento mantenedor do modelo político dominante. Já a terceira teorização, a transformadora, enxerga a educação como um elemento que possibilita a ação do indivíduo perante a sociedade, a partir dos próprios condicionantes que formam o próprio corpo social. Segundo Demerval Saviani[10]:

Uma teoria do tipo acima enunciado se impõe a tarefa de superar tanto o poder ilusório (que caracteriza as teorias não-críticas) como a impotência (decorrente das teorias-crítico-reprodutivistas), colocando nas mãos dos educadores uma arma de luta capaz de permitir-lhes o exercício de um poder real, ainda que limitado[11].

Dessa forma, a concepção transformadora é tida como criticista, pois contribui no desenvolvimento da sociedade a partir dos elementos determinantes sociais, buscando assim, sua democratização efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só políticos, mas também sociais e econômicos. A educação,  nessa perspectiva, é dialética. Ela medeia um projeto ideal teorizado, buscando sua efetivação prática. Se o projeto for conservador, ela medeia a conservação. Se o projeto for transformador, ela medeia a transformação. Se o projeto for autoritária, ela medeia o autoritarismo. Se o projeto for democrático, ela medeia a democratização[12].
A partir dessa discussão teórica educacional, podemos identificar que projeto norteia a sociedade e que corpo ideológico conduz as faculdades, as escolas e os demais campos educativos.

1.2 As tendências pedagógicas e suas teorizações

Podemos, com os aprofundamentos analisados anteriormente, estudar as correntes pedagógicas que envolvem as discussões da compreensão e orientação da prática educacional em seus diversos momentos e circunstâncias na história da humanidade.
            Podemos definir as correntes pedagógicas em dois grupos. A primeira é a pedagogia “liberal”, voltada para uma educação “não-critica”, ao sistema capitalista, à predominância da liberdade, aos interesses individuais da sociedade, a propriedade privada dos meios de produção, a sociedade de classes.  Segundo Luckesi:

A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual[13].

A pedagogia Liberal subdivide-se em quatro tendências: a tradicional, a renovada progressista, a renovada não-diretiva e a tecnicista. A segunda corrente é a pedagogia “progressista”, voltada para uma educação crítica, onde a escola é condicionada aos aspectos sociopolíticos, mas com uma abertura a possibilidade de transformação da realidade pela ação social. Ela se subdivide-se em três tendências: a libertadora, a libertária e a crítico-social dos conteúdos.
É importante deixar bem claro que essas tendências pedagógicas não são puras em relação as suas manifestações. Elas podem se complementarem ou divergirem, dependendo das situações. O importante é o pedagogo entende-las a ponto de saber utilizá-las nas suas práticas educacionais e assim, contribuir com uma educação mais eficiente, que gere frutos. Tais tendências servem como instrumento de análise, para que os professores desenvolvam e avaliem suas praticas de ensino, buscando uma qualificação apropriada para a educação do século XXI.
Dentre as tendências da pedagogia liberal, começaremos com a tradicional. Em relação à escola, ela trás em seu corpo teórico a preocupação da formação baseada na preparação intelectual e moral dos alunos. Com tal educação, a tendência liberal tradicional acredita que e aluno possa conquistar sua posição na sociedade a partir de sua busca, luta e aprendizagem. Os alunos menos capazes devem se esforçar para superar suas limitações e dificuldades, para, assim, conquistar seu espaço diante os mais capazes. Em relação aos conteúdos, todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos tempos devem ser encarados como verdades e são determinados pela sociedade e pela legislação. Em relação aos métodos, baseiam-se na análise, exposição e demonstração dos conteúdos verbalmente transmitidos pelo professor. Como afirma Luckesi:

Tanto a exposição quanto a análise são feitos pelo professor, observados os seguintes passos: a) preparação do aluno (definição do trabalho, recordação da matéria anterior, despertar interesse); b) apresentação (realce de pontos-chaves, demonstração); c) associação (combinação do conhecimento novo com o já conhecido por comparação e abstração); d) generalização (dos aspectos particulares chega-se ao conceito geral; é a exposição sistematizada); e) aplicação (explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de exercícios). A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos[14].

Em relação ao relacionamento com o professor-aluno, a tendência liberal tradicional baseia-se na autoridade. O professor transmite as informações de forma autoritária. Seus conteúdos são tidos como verdades incontestáveis e os alunos devem absorvê-los sem quase nenhuma forma de interferência e comunicação. Em relação aos pressupostos de aprendizagem, ela vê a criança com a mesma capacidade de absorção dos conteúdos programáticos dos adultos, mudando apenas o desenvolvimento cognitivo. Segundo essa tendência pedagógica, a criança tem uma capacidade cognitiva menos desenvolvida. Para Luckesi:
Os programas, então devem ser dados numa progressão lógica, estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as características da própria idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequentemente à coação. A retenção do material ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e recapitulação da matéria. A transferência de aprendizagem depende do treino; é indispensável a retenção, a fim de que o aluno possa responder às situações novas de forma semelhante às respostas dadas em situações anteriores. A avaliação se dá por verificações de curto prazo (interrogatórios orais, exercícios de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas baixas, apelo aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classificação)[15].

            Outra tendência liberal é a chamada renovada progressista. Em relação ao papel da escola, acredita-se que todo o esforço educacional institucional deve voltar-se para a adequação das necessidades individuais dos alunos ao meio social. A escola é entendida como um instrumento de projeção. O indivíduo possui mecanismos de adaptação que, com o suporte educativo, desenvolve-se progressivamente e, com as diversas experiências, se satisfaz em meio a complexidade social. Em relação aos conteúdos de ensino, a tendência liberal renovada progressiva busca uma unidade entre os conteúdos programáticos e as necessidades e interesses individuais dos alunos. “Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente”[16]. Em relação ao método de ensino, busca-se “aprender fazendo”. Entra aqui a pesquisa, as atividades experimentais, a descoberta, etc. Valorizam o trabalho em grupo, como forma de desenvolvimento mental. Em relação ao relacionamento entre professor-aluno, o trabalho docente é entendido como um auxiliar no desenvolvimento do aluno. O aluno tem uma atitude livre e espontânea em relação ao conhecimento e a disciplina apenas aparece a partir da conscientização dos limites do grupo.
            Em relação aos pressupostos de aprendizagem, “a motivação depende da força de estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno”[17]. O aluno tem uma atitude de autoaprendizagem, tendo como o ambiente acadêmico apenas um espaço estimulador.
Outra tendência é a liberal renovada não-diretiva. Em relação ao papel da escola, pensa-se que, para o indivíduo aprender e colocar-se no processo formativo, é preciso à criação de um ambiente favorável, criador de atitudes. Valorizam-se as questões psicológicas e a escola é entendido como um centro terapêutico, onde o aluno se adequa as solicitações do ambiente por uma atitude de autodesenvolvimento. Temos como exemplo a psicoterapia não-diretiva, que para Carl Rogers:

No decorrer do processo não é necessário, para o terapeuta, “motivar” o cliente ou fornecer a energia que se manifesta na mudança. Também não é necessário que a motivação seja trazida, ao menos de maneira consciente, pelo cliente. Digamos antes que a motivação, para conhecer e mudar, nasce da tendência para viver, que se afirma por si mesma, da tendência do organismo a lançar-se nos diferentes canais essenciais de desenvolvimento, desde que possam ser sentidos como propiciadores do crescimento[18].

Em relação aos conteúdos de ensino, a tendência liberal renovada não-diretiva enxerga o conhecimento como uma atitude autônoma. O aluno deve buscar por si mesmo o conhecimento e o ensino é apenas um facilitador dos meios de busca, deixando mais fácil o caminho formativo. Em relação aos métodos de ensino, o professor deve criar um estilo de ensino que favoreça e entendimento dos alunos. O professor é entendido como ‘facilitador’. “Ele deve ensinar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças”[19]. A pedagogia não-diretiva está voltada para o aluno, onde o professor apenas busca garantir um ambiente favorável ao aprendizado e, assim, cria um espaço formador da personalidade do aluno através das experiências vividas. A motivação, no que tange aos pressupostos de aprendizagem, resulta do desejo de adequação do individuo a busca de sua auto-realização. É uma atitude intrínseca, onde a pessoa acredita na conquista de suas metas e objetivos pessoais e, assim, a valorização do “eu”. A avaliação tradicional perde seu valor, pois aqui se acredita na auto-avaliação.
Outra tendência é a liberal tecnicista. Para ela, o papel da escola está ligado à moderação do comportamento humano por meio de técnicas específicas. Acredita-se que a sociedade seja um corpo harmônico, orgânico e funcional, onde a aquisição das habilidades, das atitudes e dos conhecimentos, considerados úteis e necessários à manutenção social, faz parte do processo de aprendizagem no ambiente escolar. Segundo Luckesi:

A atividade da “descoberta” é função da educação, mas deve ser restrita aos especialistas; a “aplicação” é competência do processo educacional comum. A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente como sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas. A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise experimental do comportamento garantem a objetividade da prática escolar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam da aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem ou executam[20].

            Os conteúdos de ensino são voltados às informações, princípios científicos, leis, etc., e são estabelecidos e ordenados por especialistas de forma lógica. Os métodos de ensino fundamentam-se em técnicas e procedimentos que garantam as condições ambientais necessárias para assegurarem a transmissão dos conteúdos programáticos. Em relação ao relacionamento entre professor-aluno, as práticas dialógicas são objetivas e bem definidas. “O processor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados de aprendizagem, o aluno recebe, aprende e fixa as informações”[21]. Os pressupostos de aprendizagem são voltados a organização eficiente das condições estimuladoras, para que o aluno saia do ambiente acadêmico diferente de como entrou. É uma questão de organização. Os estímulos externos, controlados e organizados, contribuem para o aprendizado.
Agora vamos falar um pouco das tendências da pedagogia progressista. A primeira é a libertadora. Mais conhecida como a pedagogia de Paulo Freire. Em relação ao papel da escola, sua atuação é fundamentada na “não formalidade” , pois está aberta a realidade em que o homem se encontra e, na conscientização desse meio, indivíduo pode transformá-la. Os conteúdos de ensino são extraídos da problematização da prática da vida dos alunos. Assim, os métodos de ensino são propostos pelo diálogo, como nos afirma Paulo Freire:
Daí que, para esta concepção como prática da liberdade, a sua dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra com os educandos-educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estas. Esta inquietação em orno do conteúdo do diálogo é a inquietação em torno do conteúdo programático da educação[22].

            Outra tendência é a progressista libertária. Tal pedagogia espera que a escola desenvolva seus alunos no sentido de libertação e autogestão. As matérias são colocadas a disposição do aluno, mas não são exigidas. O importante é o conhecimento vivido pelo grupo, não os conteúdos programáticos. Sua postura é criticista. O método de ensino é baseado na vivência grupal. O aluto tem total liberdade nas atividades praticadas. A relação professor-aluno está voltado a não violência e autoridade. Não há ameaças, nem obrigações. Em relação aos pressupostos de aprendizagem, Luckesi afirma que “a ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda forma de repressão visam favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres”[23].
            E por fim, a tendência progressista “crítico-social dos conteúdos”. Sua principal preocupação é a difusão de conteúdos concretos, voltados à realidade social. A escola é vista como um ambiente transformador, garantindo um bom ensino a partir utilização de conteúdos que estejam de acordo com a vida dos alunos. Tenta construir um conhecimento relativamente autônomo .


CONCLUSÃO

            Como podemos perceber, a educação tem uma finalidade social. Mas como esse fim é alcançado é que é plural. Na primeira parte de nosso trabalho verificamos as três correntes que explicam conceitualmente e sentido da formação educativa. Vimos as correntes redentora, reprodutiva e transformadora. Também analisamos as tendências pedagógicas liberais e progressivas. Na primeira analisamos as ideologias tradicionais, renovada progressivista, renovada não-diretiva e tecnicista. Na segunda verificamos as correntes libertárias, libertadora e crítico-social dos conteúdos.
            Concluímos que não existe uma corrente perfeita, nem pura. Elas podem ser adaptadas a realidades diversas, podendo convergir entre si ou divergirem. Cada instituição de ensino, professores ou alunos podem entender uns aos outros discutindo cada uma dessas formas educacionais. Percebemos que cada corrente se adapta a realidades específicas, como por exemplo, a pedagogia de Paulo Freire, a progressista libertadora, que serve perfeitamente para o uso na educação dos adultos. A tradicionalista consegue prevalecer na nossa educação atual, mas percebemos que muitos educadores transitam entre as demais teorias pedagógicas. O importante é entender a realidade vivida tanto dos alunos, quanto a local e, assim, adaptar cada uma dessas formas educativas na vida concreta e lutar para conseguir vencer os obstáculos do aprendizado, inserido o homem no desenvolvimento de suas capacidades.


REFERÊNCIAS


BRUNELLE, Lucien. A não-diretividade. São Paulo: Nacional, 1978.

CHÂTEAU, Jean. Os grandes pedagogistas. São Paulo: Nacional, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 

JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.



[1] Para alguns teórico o termo paideia é entendido como a formação integral do homem grego.
[2] JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
[3] CHÂTEAU, Jean. Os grandes pedagogistas. São Paulo: Nacional, 1987.
[4] LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.
[5] Ibid.
[6] Ibid. p. 41.
[7] Ibid.
[8] Na visão luckesiana, o termo reprodutivista estaria ligado a uma educação destinada a reproduzir apenas os elementos condicionantes da própria sociedade. Ela estaria voltada para os elementos econômicos, políticos e sociais.
[9] LUCKESI, 1994.
[10]  Demerval Saviani é doutor na área de Ciências Humanas: Filosofia da Educação, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento da PUC-SP.
[11] SAVIANI apud LUCKESI, 1994. p. 49.
[12] Cf. LUCKESI, 1994.
[13] Ibid.
[14] Ibid.
[15] Ibid.
[16] Ibid.
[17] Ibid.
[18] ROGERS apud BRUNELLE, Lucien. A não-diretividade. São Paulo: Nacional, 1978. p. 128.
[19] LUCKESI, 1994.
[20] Ibid.
[21] Ibid.
[22] FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
[23] LUCKESI, 1994.



Renato Padilha Ferreira Barros
É advogado e bacharel em Direito pela Faculdade Salesiana do Nordeste. É pós-graduado em Docência em Filosofia e Sociologia pelo INSAF - Instituto Salesiano de Filosofia. É graduado em Comunicação Social com Habilitação em Relações Públicas pela ESURP - Escola Superior de Relações Públicas.


domingo, 11 de dezembro de 2011

BLOG - Jornal Universitário Revoluções Tobiáticas

O Blog do Jornal Universitário Revoluções Tobiáticas fez 3 meses de existência. Já são mais de 1300 visualizações no Brasil e no exterior. O objetivo deste Blog é proporcionar um espaço acadêmico reflexivo, onde todas as pessoas possam escrever e publicar seus escritos, com liberdade de pensamento e opinião. Dessa forma esperamos contribuir com o desenvolvimento intelectual daqueles que acreditam que o mundo pode ser construído e modificado por palavras, por diálogos, por reflexões e pela construção de conceitos que promovam a dignidade humana, a justiça e o  bem comum.


domingo, 4 de dezembro de 2011

REFLEXÕES COTIDIANAS: TEMOS LIBERDADE DE EXPRESSÃO?

VÍDEO - 1

Como a mídia brasileira sufoca a liberdade de expressão





VÍDEO - 2



ENTREVISTA
Mediado por Beto Almeida, do programa Brasil Nação, o programa foi ao ar em 2009 - mas continua atual como nunca. Integram o debate os experientes jornalistas Leandro Fortes, Luis Carlos Azenha e Alípio Freire. 

Entenda como funciona a máfia midiática - Parte 01




Entenda como funciona a máfia midiática - Parte 02






Entenda como funciona a máfia midiática - Parte 03





REFLEXÕES COTIDIANAS: QUEM SÃO OS VERDADEIROS PIRATAS DA SOMÁLIA?

Piratas da Somália - A verdade que a mídia não mostra





Arnaldo Jabor fala sobre a pirataria na Somália





OS PIRATAS DA SOMÁLIA - VEJA.COM