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domingo, 7 de abril de 2013

REFLEXÕES COTIDIANAS: Crises existênciais - Marcílio Bezerra Cruz


Eu Já fui muita coisa nessa vida, menos aquilo que eu sempre quis ser. O violão ao canto da minha cama parece chorar de solidão. Há dias que sua presença me sufoca com lembranças inexistentes e eu acabo sentindo falta de momentos que nunca vivi. A bateria desmontada pela casa ensurdece-me com seu silêncio; É como se fosse as inutilizáveis asas de um pássaro preso. No meio dos meus tantos livros de economia, o de filosofia parece gritar. Já passei noites contemplando-o, sem coragem de abri-lo. Eu tenho medo de acabar descobrindo que troquei minha felicidade por insignificantes papéis coloridos no final do mês. O meu carro se tornou a nave espacial do qual sonhei um dia pilotar. Só Deus sabe quantas vezes tive vontade de jogá-lo de cima de qualquer ponte só para sentir o gostinho de estar no ar. Ah! Já senti vontade de fazer tanta coisa, mas meu tempo é curto até para sentir. Tive que trocar o amor pelo sexo por que é mais rápido e custa menos. Em minha cabeça guardo um Best-seller espalhado por entre os papéis do divorcio, os boletos bancários e as contas para pagar. É como se um diamante valiosíssimo fosse deixado de lado, enquanto outras pedras sem valor fossem vendidas no seu lugar. Minhas crises existenciais são sempre vingativas: Desejam ver minhas lágrimas enquanto penso; Por isso eu geralmente não penso, sei que vai doer. Contento-me com a televisão roubando minhas cenas de ação; Por vezes, até quero desligá-la e sair para dar uma volta, mas aí o futebol começa e volto. Eu já quis ser um jogador de futebol, mas me convenceram de que não tenho dom. Já tentei ser pintor, mas meu pai não gostou muito da idéia. Ele sempre quis que eu conseguisse o que ele nunca conseguiu; Talvez eu tivesse bem mais, sendo o que ele nunca quis. Até os dezoito anos minha mãe me apoiava em tudo. Depois só em sair de casa. Foi ela que me ensinou agradecer a Deus por tudo que tenho e toda noite eu fico na dúvida se rezo ou não. É: eu já fui muita coisa nessa vida, menos aquilo que eu sempre quis ser. Não, não estou reclamando. Minha vida é exatamente como Deus queria que fosse, eu que muitas vezes sou herege tendo essas crises existenciais.

Sei lá, sinto desumanizando-me.

Marcílio Bezerra Cruz
Nasceu no dia 06/05/1992 em Recife, onde reside atualmente. Desde pequeno suas paixões são a escrita, a música e a filosofia. Escreve contos semanalmente na sua página no facebook (O contador de historias) e cursa licenciatura em filosofia na UFPE (universidade Federal de Pernambuco). E-mail para contato: mbc_cilio@hotmail.com - Twitter: @CruzMarcilio

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