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domingo, 16 de outubro de 2011

REFLEXÕES COTIDIANAS: NÃO MATARÁS

NÃO MATARÁS

Há algumas semanas o prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE, ( CFCH ) foi cenário de mais um caso de suicídio. Para alguns que se sentem insatisfeitos com a política vigente do local, o fato foi um verdadeiro tempero para vomitarem suas críticas tecendo comentários tendenciosos que pouco (ou em nada)  contribuem para a reflexão de questões subjacentes ao caso. Outros muitos tentaram traçar a linha de causa X culpa como se o ser humano, tão complexo em si, conseguisse contemplar explicações óbvias com base em modelos tão simplórios.                                                      
Nossa sociedade, em sua maioria, se pauta nas concepções morais da doutrina cristã que, conjuntamente a aspectos culturais a nós repassados ao longo da vida, tende a ver o suicídio como algo inóspito, condenável e portanto, inadmissível. Se tentarmos observar além desse aspecto paradigmático ao qual o suicídio está posto, podemos ver que toda formulação se remete a pontos de vista meramente pessoais. Pois até mesmo dentro do próprio cristianismo não há um consenso teológico sobre o assunto.
Deveríamos portanto, antes de qualquer explanação sobre o fato, ressaltar que há categorias de suicidas. O motivo pelo qual um kamikaze se fazia ativo na época das grandes guerras mundiais, em muito se difere daquelas pessoas que atentam contra a própria vida por um sentimento de esgotamento e impotência diante de um sofrimento psíquico,como também se diferencia, daqueles que seguem ritos de determinadas seitas religiosas. Todos esses violam a vida, mas por preceitos divergentes entre sim.                                              
Tratar das questões éticas sobre a divulgação dos casos que se repetem  na cidade do Recife e do Brasil assim como em muitas outras do nosso país e do mundo, poderia sim, causar o que alguns Psicólogos Sociais entendem como um ato que ao ser  explorado insistentemente pela mídia, passa a ser socialmente aceito. Entretanto,não divulgar não significa abster-se de discussão  sobre o fato. O foco que usualmente é consensual se restringe a não exposição da notícia, pois, nossa sociedade tente a alimentar o circo sádico que muitos veículos de comunicação expõem sem nenhum compromisso e infelizmente, nos acostumamos com isso: damos um close diário no sofrimento e glamurizamos a violência.  
Discutir o suicídio é antes de tudo, negar a gênese individual erroneamente concebida  e colocá-lo no plano coletivo, pois o suicídio é sim uma questão social e temos muita responsabilidade nisso. Vivemos em uma sociedade fadada no sofrimento onde a co-participação ativa é restrita e por vezes, esquecida.  Remetendo-me aos fatos ocorridos no CFCH e utilizando- o como metáfora análoga aos casos lá ocorridos, poderíamos horizontalizar  as relações como um aparato à dor. Dor esta que invade a psique, faz cética a razão e nos faz reféns de algo menor aos planos do divino. Viemos para ter vida e vida em abundância. Esse é o plano. Estender esse objetivo além do eu, é o ideal.


Camila Teresa Ponce Leon de Mendonça
É Psicóloga, graduada  pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE). Atualmente é Mestranda no Programa de Pós Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco e é pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Psicologia da Educação Matemática (Nuppem – UFPE). 

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