REFLEXÕES COTIDIANAS: ESPERANÇA

Um jovem aproximou-se do mestre e perguntou - “Mestre, o que faço para herdar o Reino dos Céus”? – O Mestre, prontamente, sem tentar persuadi-lo, disse – “vende tudo que tens e distribui aos pobres”.

A esperança se origina da mente, das dúvidas. Quando pensamos em ter ou ser o que não temos ou somos no presente. Quando projetamos uma imagem de nós mesmos no futuro, estaremos desenvolvendo a esperança. É fundamental ter e manter a esperança. Ela deve ser permanente. Sua fonte é inesgotável, infindável. Esperança é confiar no futuro e trabalhar no presente para alcançar o objeto do desejo.  Mesmo que nossas esperanças sejam depositadas em algo fora de nossas forças, ainda assim é válida. Ela funciona e nos impulsiona a fé. A fé e esperança não se separam. A prudência, justiça, força e tempestividade, são virtudes que levam consigo a esperança. A prática da esperança é estar vivo. É manter-se atualizado, influenciado e influente. Um dia útil, um trabalho a realizar, um café, almoço ou jantar com a família, tudo isso é vivido e realizado por esperança. Não é necessário, apenas, acreditar na paz, no amor, na vida para praticar esperança. Ela é vivida em detalhes no dia a dia. Vivemos a esperança quando acordamos, ao tomar banho, quando sentamos a mesa com a família, quando lemos o jornal , quando vamos à faculdade, quando sonhamos ou planejamos algo individual ou coletivo. Caminhar ou correr, por exemplo, são tarefas automáticas e que desenvolvemos sem maiores problemas, mas para alguns, é esperança, pois lhes faltam os sentidos necessários para tais tarefas. A esperança não é quantificada ou qualificada. Ela é intrínseca a cada um de nós. Ela é sutil, mas todos temos.

Quando o Mestre nos pede para vender o que temos e doar aos pobres, temos, com isso, esperança de que muitos de nós doamos um pouco do que temos para outros. O tempo em que dispensamos para realizar um trabalho que alguém tem dificuldades, um pouco de dinheiro que doamos àqueles que são limitados e que depositam suas esperanças em outros que tem o que lhes faltam. A esperança necessita do pensamento. Sem pensar não haverá esperança.  Quando crescemos intelectualmente tendemos a pensar mais e a dinamizar a esperança. A fé liga-se a esperança. Sem fé somos impedidos de enxergar os pequenos detalhes. Deixaremos escapar o que nos cerca, tornando o presente sempre em passado. A fé no Criador, a fé na alma, a fé na capacidade, a fé nas famílias, nos homens de boa vontade. A fé é o portal da esperança. Tenhamos fé.

Não somos limitados em sabedoria e certezas, mas as limitações, sejam quais forem, devem ser superadas pela esperança. A fé nos encoraja e a esperança nos projeta para frente. A esperança nos leva a virtude. Nos permite o equilíbrio para suportar dores e incertezas. Ela movimenta e não nos torna inertes. Aprendamos a aguardar a vez, sempre carregando conosco a discreta esperança de cada dia.

Quando acordarmos cedinho a mente nos leva a pensar em Deus, na família, desejamos tudo que é bom para ela. Um simples ato de tomar café com os pais, os filhos, os irmãos, os amigos é uma realização da esperança, pois sempre há alguém carente de tomar um café com os pais, os filhos, os irmãos, os amigos. A união e o amor familiar é a batalha individual do pai e mãe que tem esperanças nos seus filhos. Os filhos depositam esperança em seus pais. A esperança é de cada dia, assim como é o Deus Criador dos céus e terra que nos mantêm vivos e sempre ativos numa corrente genética e perpetua. Ele, Deus, sempre esperançoso que a cada filho que nasça, seja seguidor do seu caráter.

Ter sucesso, prosperidade, lealdade dos amigos, viver num mundo melhor e mais justo, são esperanças coletivas e poderosas, mas pouco realizada. O individualismo prospera. Aumentemos a esperança coletiva, trabalhemos juntos por dias melhores, depositando nossa força na ética, no respeito ao próximo, no amor e caridade. Quando o que esperamos se realiza completa-se um ciclo que se iniciou com esperança e se findou em vitorias. A realização da esperança é a inteligência do Criador sendo doada para os mais fracos e menos provido. É nos permitir ter sempre para doarmos um pouco ou o muito de cada um na sua medida. Tudo a pedido do Mestre. Cada um tem o seu Mestre. Cada um tem as suas esperanças. Você deve ter as suas e provavelmente serão distintas das minhas, ou não.

Aléxon Soares Fonseca

Pós-graduado em Auditoria Fiscal e Tributária pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Graduando em Direito pela Faculdade Salesiana do Nordeste - FASNE. Contador da Prefeitura da Cidade do Recife. Gerente de Eficientização de despesa da Controladoria Geral do Municipio