Noturno
Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.
Será que mais Alguém vê e escuta?
Sinto o roçar das asas Amarelas
e escuto essas Canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.
Diluídos na velha Luz da lua,
a Quem dirigem seus terríveis cantos?
Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e, como um Halo escuso, te envolveram.
Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.
Que vale a natureza sem teus Olhos,
ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?
Da terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
abrase fundamente as minhas mão...
Mas, não: a luz Escura inda te envolve,
o vento encrespa as Águas dos dois rios
e continua a ronda, o Som do fogo.
Ó meu amor, por que te ligo à
Morte?
Nasceu na
então Cidade da Paraíba, hoje denominada João Pessoa, no dia 16 de junho de
1927, filho de Cássia Vilar e João Suassuna.
No ano seguinte, seu pai deixa o governo da Paraíba e
a família passa a morar no Sertão,
na Fazenda Acauã, em Aparecida da Paraíba.
Com a Revolução de 1930, seu pai foi assassinado por
motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se
para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros
estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de
viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também
da sua produção teatral.
A partir
de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos secundários no
Ginásio Pernambucano, no Colégio Americano Batista e no Colégio Osvaldo Cruz.
No ano seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba
Filho. E, junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947,
escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam
as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do
Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano seguinte.
Em 1950,
formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio Martins Pena pelo Auto de
João da Cruz. Para curar-se de doença pulmonar, viu-se obrigado a mudar-se de
novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de um Coração em 1951.
Em 1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia,
sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta época O Castigo da Soberba
(1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da Compadecida (1955), peça que o
projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o
texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
Em 1956,
abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade
Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento
Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a Porca; em
1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna; em 1959, A
Pena e a Lei, premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro.
Em 1959,
em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que
montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina
(1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo
para dedicar-se às aulas de Estética na UFPE. Ali, em 1976, defende a tese de
livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura
Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.
Membro
fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo Reitor Murilo
Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE (1969). Ligado
diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento Armorial”,
interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão
populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da música para procurarem
uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em
Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto “Três Séculos de Música
Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma exposição de gravura, pintura e
escultura. Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel
Arraes (1994-1998).
Entre
1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance d’A Pedra do
Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado
nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele
de “romance armorial-popular brasileiro”.
Ariano
Suassuna construiu em São José do Belmonte, onde ocorre a
cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre,
constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em
círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de
Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município.
Em 2004,
com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário intitulado O
Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado e que foi
exibido na Sala José de Alencar.
Em 2002,
Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca na escola de samba Império
Serrano; em 2008, foi novamente tema de enredo, desta vez da escola
de samba Mancha Verde no carnaval paulista. Em 2013
sua mais famosa obra, o Auto da Compadecida será o tema da escola
de samba Pérola Negra em São Paulo.
Em 2006,
foi concedido título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Ceará, mas que
veio a ser entregue apenas em 10 de junho de 2010, às vésperas de completar 83
anos. "Podia até parecer que não queria receber a honraria, mas era
problemas de agenda", afirmou Ariano, referindo-se ao tempo entre a
concessão e o recebimento do título.3
Morte
Em 1942,
ainda adolescente, Ariano Suassuna muda-se para cidade do Recife, no
vizinho estado de Pernambuco, onde passou a residir definitivamente. Estudou o
antigo ensino ginasial no renomado Colégio Americano Batista, e o antigo
colegial (ensino médio), no tradicionalíssimo Ginásio Pernambucano e,
posteriormente, no Colégio Oswaldo Cruz. Posteriormente, Ariano Suassuna
concluiu seu estudo superior em Direito (1950),
na célebre Faculdade de Direito do Recife,
e em Filosofia (1964).
De
formação calvinista e posteriormente agnóstico, converteu-se ao catolicismo, o
que viria a marcar definitivamente a sua obra.6
Ariano
Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 7 de outubro de 1945,
quando o seu poema "Noturno" foi publicado em destaque no Jornal do Commercio do Recife.
Advocacia e teatro
Na Faculdade de Direito do Recife,
conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro
do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma mulher vestida de Sol. Em 1948,
sua peça Cantam as harpas de Sião (ou O desertor de Princesa) foi montada
pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que
recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a Lei, de 1959, A Farsa da Boa Preguiça, de 1960, e A Caseira e a Catarina, de 1961.
Entre
1951 e 1952, volta a Sousa, para curar-se de uma doença pulmonar. Lá escreveu e
montou Torturas de um coração.
Em seguida, retorna a Recife, onde, até 1956, dedica-se à advocacia e ao
teatro.
Em 1955, Auto da Compadecida o projetou
em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato
Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o
país, além de ter sido adaptada para a televisão e
para o cinema.
Em 1956,
afasta-se da advocacia e se torna professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco,
onde se aposentaria em 1994. Em 1976, defende sua tese de livre-docência,
intitulada "A Onça castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura
brasileira".
Ariano
acredita que: "Você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda escrevendo
com uma linguagem coloquial."
Obras de
Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão,
holandês, italiano e polonês.7
Academia
Pernambucana de Letras
Academia Brasileira de Letras
Academia
Paraibana de Letras
·
Uma
mulher vestida de Sol, (1947);
·
Cantam as
harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);
·
Os homens
de barro, (1949);
·
Auto de
João da Cruz, (1950);
·
Torturas
de um coração, (1951);
·
O arco
desolado, (1952);
·
O
casamento suspeitoso, (1957);
·
O homem
da vaca e o poder da fortuna, (1958);
·
A pena e
a lei, (1959);
·
Farsa da
boa preguiça, (1960);
·
As
conchambranças de Quaderna, (1987);
·
Fernando
e Isaura, (1956)"inédito até 1994".
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ariano_Suassuna